No começo do ano, o cientista chefe de IA da Meta e pioneiro na área Yann LeCun esnobou o ChatGPT alegando que a plataforma não é “nada revolucionária”. Agora foi a vez de um dos “padrinhos da IA” amenizar a preocupação que empresas, autoridades e pessoas têm quanto ao risco que a inteligência artificial oferece à humanidade.
Nada a temer
Em entrevista à BBC, LeCun foi contundente ao dizer que os temores sobre riscos da IA são exagerados e “absurdamente ridículos”, alegando ainda que a tecnologia não terá chances de conquistar o mundo e que ela não passa de uma “projeção da natureza humana nas máquinas”. Na sua visão, as Big Techs comentem um “grave erro” ao manter pesquisas no campo em segredo guardado a sete chaves.
Ainda de acordo com LeCun, esse medo que as pessoas têm se explica pelo fato de elas não conseguirem enxergar a inteligência artificial como algo seguro. Ele ainda faz um paralelo usando turbojatos como exemplo — que são tipos de motores antigos usados para diversos fins.
“É como perguntar a alguém em 1930: ‘como você vai tornar um turbojato seguro?’ Os turbojatos não haviam sido inventados em 1930, assim como a IA de nível humano ainda não foi inventada”, explica. O cientista conclui a comparação dizendo que, no final das contas, os turbojatos se tornaram “incrivelmente confiáveis e seguros.”
Yann LeCun ainda ressaltou sem hesitação que a inteligência artificial vai superar a capacidade humana, mas que uma dominação mundial está fora de cogitação. Caso a coisa saia da controle, a tecnologia “vai rodar em um data center em algum lugar com um botão de desligar. E se você perceber que não é seguro, simplesmente não a construa”, pondera.
Impacto no mercado de trabalho
Por fim, o “padrinho da IA” também comentou sobre a relação da IA com o mercado de trabalho, afirmando que a tecnologia não vai fazer com que as pessoas percam seus empregos, mas que provavelmente vai alterar muita coisa no mercado de trabalho — justamente porque ainda não se sabe quais profissões serão consideradas importantes daqui duas décadas.
Enquanto o líder de setor da Meta parece não se preocupar com os malefícios da inteligência artificial, outras entidades correm contra o tempo para estabelecer regras quanto ao uso da tecnologia. Ontem mesmo a União Europeia aprovou um projeto inicial para regulamentação da IA.
Padrinho da inteligência artificial
Além de ser o principal nome de inteligência artificial dentro da Meta, Yann LeCun é uma figura histórica no setor porque em 2018 venceu o Turing Award junto de Geoffrey Hinton e Yoshua Bengio graças a avanços ligados à IA. Desde então, o trio ficou conhecido como “Padrinhos da IA”.
Recentemente, inclusive, Hinton deixou o Google alegando preocupações com os rumos do desenvolvimento da tecnologia e com uma visão um pouco menos otimista que a de seu colega.