O desenvolvimento econômico da Coreia do Sul é frequentemente citado como exemplo de transformação baseada em planejamento, tecnologia e eficiência operacional. Aldo Vendramin apresenta que analisar o modelo coreano sob a perspectiva de gestão e inovação permite extrair aprendizados estratégicos para o agronegócio brasileiro, especialmente em um momento em que produtividade, governança e competitividade se tornaram critérios centrais para permanência em mercados exigentes.
A Coreia deixou de ser um país essencialmente agrícola e de renda baixa nas décadas de 1950 e 1960 para se posicionar como um dos maiores pólos tecnológicos do mundo. Esse processo não ocorreu apenas por investimentos financeiros, mas por planejamento de longo prazo, educação técnica, inovação orientada a resultados e cultura de melhoria contínua. Foram pilares aplicados de forma estruturada e consistente.
Eficiência como política de Estado
O modelo coreano demonstra que eficiência não é efeito espontâneo, é construção. O país estabeleceu metas de produtividade industrial e tecnológica, alinhou políticas de educação às necessidades do mercado e incentivou a adoção de tecnologia em larga escala. Estruturas governamentais e privadas operaram de forma integrada, orientadas por planejamento, metas e avaliação permanente.
No agronegócio brasileiro, essa visão de eficiência ainda enfrenta desafios. A produção é reconhecida por escala e qualidade, mas a gestão, documentação, inovação e rastreabilidade ainda passam por processos de amadurecimento. Como elucida o senhor Aldo Vendramin, o produtor que enxerga a propriedade como empresa rural e que lida com dados, processos e indicadores possui vantagem competitiva evidente.

A lógica da produtividade aplicada ao campo exige métodos claros, monitoramento, controle e decisões embasadas. A experiência coreana mostra que crescimento acelerado só se mantém quando há cultura de planejamento e capacidade de adaptação.
Tecnologia como base de competitividade
Outro aprendizado relevante é o papel da tecnologia como instrumento de geração de riqueza. A Coreia investiu em inovação como eixo de desenvolvimento, e não como complemento. O país criou centros de pesquisa, atraiu investimentos estrangeiros e fomentou o desenvolvimento local, transformando conhecimento em produto, serviço e valor agregado.
No agronegócio, a tecnologia atua na melhoria da eficiência operacional, na redução de custos e no uso preciso de recursos. Sistemas de monitoramento, inteligência analítica, controle de insumos, rastreabilidade e softwares de gestão transformam dados em decisões mais seguras.
Conforme destaca Aldo Vendramin, a digitalização da fazenda não é uma tendência futura, é uma necessidade presente. Produtores que digitalizam a atuação reduzem desperdícios, documentam resultados, ampliam transparência e atendem mais rapidamente às exigências de contratos, certificações e auditorias.
Educação técnica como transformação estrutural
A Coreia investiu prioritariamente em educação técnica e capacitação contínua. Profissionais preparados sustentaram o avanço tecnológico, ampliaram a capacidade produtiva e garantiram competitividade internacional. Esse movimento evidenciou que a tecnologia não substitui a formação; ela exige conhecimento para ser aplicada corretamente.
No campo brasileiro, a qualificação técnica é um diferencial, expõe Aldo Vendramin. O uso de softwares, sensores, análise de solo, bioinsumos, rastreabilidade e planejamento financeiro requer habilidades específicas. A capacitação permite que a tecnologia entregue seu potencial e transforma o produtor rural em gestor de processos.
O modelo coreano demonstra que produtividade é consequência de conhecimento aplicado. A formação orientada a resultados cria profissionais aptos a inovar, corrigir rotas e tomar decisões sob pressão.
Planejamento de longo prazo e cultura de adaptação
Um dos aspectos centrais da experiência coreana é a capacidade de estabelecer metas de longo prazo. Mesmo diante de crises globais, o país manteve foco em setores estratégicos e investiu continuamente em inovação, tecnologia e educação. Esse alinhamento garantiu adaptação e resiliência.
No agronegócio, planejamento de longo prazo reduz riscos, fortalece a capacidade de enfrentar oscilação de preços, mudanças regulatórias e variações climáticas. A cultura de adaptação permite ajustar rotas sem perder a visão de futuro.
Assim como observa Aldo Vendramin, propriedades que operam com planejamento e gestão integrada tendem a apresentar maior previsibilidade de resultados e respostas mais ágeis a ciclos econômicos. A previsão e o controle transformam desafios em oportunidades.
As lições para o futuro da produção
As lições da Coreia do Sul revelam que tecnologia, educação técnica e gestão estruturada são pilares de competitividade econômica. Esses elementos podem e devem ser aplicados ao agronegócio brasileiro, consolidando eficiência, reduzindo riscos e fortalecendo o posicionamento do país no mercado global de alimentos e insumos.
A propriedade rural que integra inovação, planejamento e formação técnica aumenta capacidade produtiva, agrega valor à produção e atende às exigências de rastreabilidade e sustentabilidade. O futuro do agronegócio será construído por quem enxerga gestão e tecnologia como partes essenciais da operação, como considera Aldo Vendramin.
Autor: Idapha Sevel

